Vamos falar de planejamento?

Figura 1 – Enquete realizada no
instagram @onlinebioinfo

Na última semana do ano, costumo finalizar o planejamento do ano seguite. Fiz essa enquete no instagram e o resultado foi que uma parcela considerável das pessoas não está se sentindo à vontade para fazer nenhum planejamento. Imagino que seja por toda a incerteza que os rumos da pandemia de COVID-19 nos trazem. Mas mesmo assim, eu gosto de ter um plano para seguir. No momento atual, esse plano deve levar em consideração as diversas restrições que ainda podemos ter de mobilidade e presença e deve ser direcionado àquilo que conseguimos controlar, mesmo que minimamente. Além disso, os planos sempre podem ser mudados ao longo do ano de acordo com a realidade do momento.

Por exemplo, nossos planos para 2020 tiveram que ser drasticamente alterados. Eu acabei focando muito em estudos, trabalho e saúde mental naquele ano. E consegui bons resultados naquilo que era possível naquele cenário. Em 2021, já planejei um ano mais focado nisso: estudos e trabalho, família e saúde. Para 2022, as coisas ainda estão bastante incertas. Mesmo assim, é traçar um plano é sempre útil para ter um direcionamento de esforços.

Nos últimos 3 anos, tenho me dedicado a estudar e conhecer métodos de organização e planejamento que tem me ajudado muito. Busquei esses métodos para tentar organizar meu tempo de modo a focar mais nas coisas importantes para mim e não apenas nas urgências e burocracias da vida acadêmica. Tenho colhido bons frutos com isso.

Uso desde 2018 o método GTD (Getting Things Done) desenvolvido pelo norte-americano David Allen. É um método bem interessante de organização de listas de ações e projetos mas também tem princípios de planejamento de vida em diversos horizontes: propósito, visão, áreas de foco, objetivos, projetos e ações. É uma forma refletir e visualizar seus planos em horizontes mais elevados e, com isso, melhor planejar os seus projetos e próximas ações. Ajuda muito a tirar os planos do papel e construir um pouco cada um a cada dia.

Conheci também uma brasileira chamada Thaís Godinho que criou seu próprio método, o MVO. Fiz o curso dela em 2021 e foi muito útil. Ela tem uma abordagem que, como o GTD, une todas as áreas da vida em um só planejamento. Afinal, você é uma pessoa com várias reponsabilidades que coexistem no seu tempo. Você precisa ter tempo para sua família, para se cuidar, para evoluir, para trabalhar, etc. Mas ela tem o diferencial de buscar uma produtividade compassiva e não apenas alta performance. Eu gosto muito desse ideal. Afinal, a vida acadêmica pode ser estressante e competitiva em excesso. O MVO visa um equilíbio entre as áreas da vida. Você deve sempre revisar o seu plano e refletir sobre como se sente com cada área da sua vida: estudos, família, trabalho, saúde, finanças, etc.

Então, hoje, meu método pessoal se baseia no MVO + GTD. Vou fazer uma lista das atividades que fiz para planejar de 2022. Espero que sejá útil para vocês.

Figura 2 – Resultado do planejamento anual lançado no software Notion.
  1. Revisei o meu ano de 2021 e avaliei como me sinto com relação aos projetos que eu tinha para o ano que se encerra. Vi os que foram alcançados, os que não foram, refleti sobre o que eu ainda gostaria de alcançar e aqueles que perderam o sentido pra mim. Fiz uma lista de coisas boas que aconteceram, conquistas, coisas pelas quais sou grata. Fiz uma lista de frustrações e coisas que gostaria de melhorar em 2022. Tudo bem simples, no papel mesmo.
  2. Com base na reflexão anterior, fiz o planejamento anual (composto pelos trimestres). Ele é bem simples e consiste em uma folha ou planilha com 4 colunas, uma para cada trimestre. Começo preenchendo com grandes eventos e feriados. Coisas que listo nos respectivos semestres:
    • férias, feriados e aniversários
    • eventos, congressos, workshops, palestras
    • início e término de semestres letivos
    • inícios e término de turmas de cursos que vou ministrar ou cursar
    • datas de editais de fomento para os quais pretendo submeter projetos
    • viagens, etc.
  3. Analiso os semestres e vou acrescentando ou remanejando elementos de um trimestre para o outro buscando o equilíbio. Por exemplo, se há um edital de agência de fomento em um certo mês, tento não programar outra atividade muito intensa como início ou conclulsão de um curso. Quando é possível, eu equilibro as atividades trocando-as de datas. Depois, eu lanço tudo em uma página do Notion para ir acompanhando ao longo do ano e replanejando o que for necessário. Normalmente, eu planejo os semestres pelas das estações do ano. Faço isso porque planejo também passeios, cuidados pessoais e com a casa. Planejo adubar plantas, plantar hortaliças na melhor época, assim como check-ups médicos. Prefiro as organizações e limpeza no inverno, deixando o verão para ir ao clube, por exemplo.
  4. Com o planejamento trimestral pronto, divido cada semestre em meses. Fica bem fácil. Aquilo que tem data bem definida, vai pro mês adequado e o que não tem, aloco conforme for mais adequado e equilibrado. Fica ótimo.
  5. Esse planejamento deve ser sempre revisado e readequado ao longo do ano. Ele é usado pra planejar semanas e dias. Não é sempre que preciso planejar cada dia, só quando estou mais sobrecarregada e as atividades estão mais intensas.

Gosto muito de uma frase da Thaís Godinho que diz que:

Todo planejamento faz parte de um planejamento maior.

Thaís Godinho

Inspirada no MVO, tenho uma linha do tempo onde marco, mais ou menos, o que gostaria de alcançar ao longo dos anos e vou fazendo os recortes das décadas, anos, trimestres, meses… É como comprar uma casa: é preciso planejar, definir o valor e o prazo e ir poupando um pouco a cada mês. Se a gente pensa em onde quer chegar, fica mais fácil dar os pequenos passos nessa direção. Por fim, é necessário sempre revisar, adequar e ir definindo ações factíveis para o momento atual.

Como vocês tem feito? Me contem como tem funcionado para vocês e se esse tipo de conteúdo lhes interessa.

Um excelente 2022 para você e sua família! Que seja de muitas realizações e de muita felicidade. Fiquem bem!

Publicado por OnlineBioinfo Bioinformática

Meu nome é Raquel Minardi, sou bacharel em Ciência da Computação e doutora em Bioinformática. Sou professora do Departamento de Ciência da Computação da UFMG desde 2010, membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Bioinformática da UFMG, coordenadora da rede BaBEL de Bioinformática aplicada a Biotecnologia, vice-coordenadora do comitê especial de Biologia Computacional da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e secretaria da diretoria regional centro-sudeste da Associação Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional (AB3C). Sou fascinada pela área de Bioinformática e pela possibilidade de desenvolver modelos e algoritmos para suporte a resolução de problemas tão desafiadores quanto os que envolvem a biologia e biotecnologia. Também amo ensinar e desenvolver conteúdos para ensino a distância.

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