Iniciação científica: o que é e como aproveitar ao máximo

A iniciação científica é um programa focado em alunos de gradução que visa o desenvolvimento de um projeto de pesquisa em qualquer área do conhecimento com a orientação de cientistas mais experientes.

Dessa forma, seu objetivo principal é ensinar ao estudante o método científico e permitir que ele se envolva em projetos de pesquisa e possa se encantar com a ciência e eventualmente seguir carreiras acadêmicas.

Figiura 1 – Passos tradicionais da carreira acadêmica. Fonte: próprio autor.

Comumente, os alunos de iniciação científica se preparam para aplicar para o mestrado. Nem sempre isso ocorre mas o mestrado é o próximo passo a dar quando se pensa em uma formação mais aprofundada na área de estudos de interesse e, certamente, quando se deseja seguir a carreira acadêmica.

Entretanto, a experiência de iniciação científica também tem sido bastante valorizada no mercado por desenvolver habilidades muito importantes para o exercício profissional como:

  • capacidade de pesquisa / estudos avançados,
  • resolução de problemas complexos,
  • apresentação de resultados de forma oral e escrita.

Uma sugestão para os alunos de iniciação científica que desejam aplicar para seleções de mestrado é que se preparem conforme as exigências de cada Programa de Pós-Graduação (PPG) almejado. Essas exigências variam bastante de PPG para PPG mas, em geral, os principais itens avaliados são:

  • Projeto ou pré-projeto: deve ser elaborado conforme as recomendações do edital de seleção e recomendamos fortemente que seja elaborado em conjunto e sob orientação de um docente credenciado no PPG.
  • Currículo: o candidato deve submeter o currículo lattes ou no formato especificado no edital de seleção. Normalmente, um peso grande é dados a publicação de artigos e apresentação de trabalhos em eventos científicos. Não é um item indispensável mas ter participado de publicações é algo muito bem avaliado em candidatos de mestrado.
  • Cartas de recomendação: muitos PPGs solicitam cartas de recomendação de professores. Peça cartas somente para aqueles pesquisadores que conhecem bem o seu trabalho ou você pode receber uma carta genérica e não muito útil.
  • Provas: muitos PPGs tem provas de conhecimentos específicos ou de idiomas. Outros aceitam provas de sociedades científicas como é o caso do POSCOMP na área de Ciência da Computação.

Se você está planejando cursar um mestrado, aproveite o tempo da IC para se preparar em cada um dos quesitos avaliados no PPG em que deseja ingressar.

Por fim, quero deixar algumas recomendações para que sua iniciação científica seja realmente produtiva:

  1. Esteja presente e participe do dia a dia e das atividades do grupo de pesquisa. Embora atualmente muitos estejam trabalhando remotamente, prefira estar no laboratório e conviver com colegas de mestrado, doutorado e com seu professor orientador. Aprenda observando. Participe dos seminários e eventos, aproveite cada oportunidade.
  2. Estude os trabalhos mais atuais do seu grupo de pesquisa e converse com os pesquisadores sobre suas dúvidas e curiosidades. Crie um plano de estudos e leia com atenção os artigos selecionados. Não tenha vergonha de perguntar. Aproveite a convivência com os alunos e professores e tire suas dúvidas sobre os projetos, técnicas, etc.
  3. Tenha sempre uma tarefa em execução. Assim que finalizar, converse com seu supervisor sobre uma nova tarefa em continuidade. É essencial que você produza algo a cada semana. Seja um resumo, um programa, uma apresentação, uma coleta de dados ou outros artefatos. Cabe a você sempre buscar uma atividade e estar ocupado dela. Só assim você terá progresso que será notado por você e pelos seus orientadores.
  4. Se possível, esteja sempre trabalhando em um artigo. Você pode ser o responsável principal ou um colaborador. Como os artigos são importantes produtos de todo trabalho científico, estar envolvido na produção de um artigo é muito importante. Peça a seu orientador que lhe dê essa oportunidade de participar.
  5. Seja pró-ativo e persistente. Essa é a recomendação mais importante. Você é o principal responsável pelo seu progresso e sucesso. Busque soluções, leia, pergunte, não desista nas dificuldades, planeje e execute. O seu orientador estará a disposição para tirar suas dúvidas, sugerir atividades / tarefas, direcionar todo o trabalho. Mas é uma oportunidade que lhe foi dada de aprender e evoluir. Não fique esperando ser solicitado, se apresente, busque tarefas e persista sempre.
Figura 3 – Meme encontrado nas redes sociais.

Finalizo com este meme que inspirou essa postagem. A iniciação científica pode ser muito desafiadora. É comum que você não tenha um projeto de pesquisa bem delimitado e com todos os passos definidos. Faz parte do processo a busca por uma questão de pesquisa, as dúvidas sobre como proceder em cada tarefa, a insegurança.

Entretanto, a iniciação científica é uma oportunidade única de adquirir habilidades essenciais para o mercado de trabalho e para a vida acadêmica. Busque aproveitar cada oportunidade. Seja pró-ativo e persistente. E, se a sua primeira iniciação científica não for bem sucedida, sempre se pode buscar outro grupo, outra linha de pesquisa, outro orientador. O importante é focar no que mais importa que é aprender como fazer ciência de forma séria e ética.

Publicado por OnlineBioinfo Bioinformática

Meu nome é Raquel Minardi, sou bacharel em Ciência da Computação e doutora em Bioinformática. Sou professora do Departamento de Ciência da Computação da UFMG desde 2010, membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Bioinformática da UFMG, coordenadora da rede BaBEL de Bioinformática aplicada a Biotecnologia, vice-coordenadora do comitê especial de Biologia Computacional da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e secretaria da diretoria regional centro-sudeste da Associação Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional (AB3C). Sou fascinada pela área de Bioinformática e pela possibilidade de desenvolver modelos e algoritmos para suporte a resolução de problemas tão desafiadores quanto os que envolvem a biologia e biotecnologia. Também amo ensinar e desenvolver conteúdos para ensino a distância.

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